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Ao longo da história do automóvel, muitos fabricantes de carros procuraram produzir carros que conjugassem design arrojado, sofisticação nos materiais e acabamento e, sobretudo elevadíssimo desempenho, no intuito de produzir máquinas de quebrar recordes. Exemplos disto, são Ferrari, Lamborghini e Porsche entre outros e mais recentemente as grandes marcas alemãs, americanas e japonesas. Entretanto, um dos projectos neste sentido mais bem sucedidos, pertence a gigante Ford e não passou do campo experimental. Apresentado ao mundo no Salão de Detroit de 1995, o Ford GT90 deveria ser um novo conceito de carro desportivo e sobretudo foi o protótipo responsável por inaugurar uma nova abordagem em termos de design para a marca. Para liderar o timing que definiu linhas e formas do GT90, foi chamado Camilo Pardo, chefe de desing do Living Legends Studio da Ford e que está a frente do novo conceito de linhas dos veículos Ford, chamada de New Edge e responsável entre outros pelo redesign do GT40. Este conceito, basea-se em utilização harmoniosa e proporcional de elementos geométricos definidos. Do ponto de vista da mecânica e consequentemente do desempenho, o carro também deveria deixar para trás dois dos maiores ícones em termos de desportivos europeus, que na época ditavam os limites - Ferrari F50 e Lamborghini Diablo. Para esta tarefa nada fácil, convocaram John Coletti, hoje engenheiro chefe da Equipe de Engenharia de Veículos Especiais da Ford, responsável entre outros pelo SVT Mustang Cobra e SVT Focus.O resultado, foi um carro que foi destaque perante toda a imprensa especializada na sua apresentação em Detroit. As linhas do GT90 causaram espanto, não pela desformidade, mas pela harmonia com que combiram elementos rectos com curvas.
O GT90 inaugurou, um padrão de design que foi seguido comercialmente com o Ford Ka e que hoje está presente em praticamente todo o line up da empresa, como pode-se ver no Focus e nos novos Mondeo e Fiesta. Mas linhas e formas arrojadas, aparecem e desaparecem em todos os salões. Restava ainda a tarefa mais difícil, que era produzir um dos carros mais rápidos do mundo. Conseguiram! O motor utilizado foi um V12, que surgiu da união de dois poderosos motores bi-turbo de 6 cilindros em linha. O novo motor gerava impressionantes 720 cavalos de potência já a 6300 rpm e um violentíssimo torque de 91.2 kgfm já disponíveis a 4750 rpm, que é uma faixa de rotações extremamente baixa para um esportivo e que é quase o dobro do torque de um Ferrari F50 e quase 50% maior do que o de um Diablo GT! A consequência deste torque descomunal e do elevado número de cavalos, transmitidos às grandes rodas traseiras de 19 polegadas e pneus de mais de 30 centímetros de largura, através de uma caixa de 5 velocidades, produziram acelerações aos 100 km/h em quase 3 segundos e quase 380 km/h de velocidade máxima. O auxílio à estabilidade e dirigibilidade, vinham da eletrônica embarcada e de um conjunto aerodinâmico que contava com um aeleron de geometria variável, que se recolhia ou levantava de acordo com a velocidade. Naturalmente um carro desportivo não é feito apenas de linhas arrojadas e harmoniosas e motores potentes, mas também de equilíbrio. Este aspecto foi conseguido através de um extremamente rígido chassis de alumínio em estrutura de colméia e firmemente unido à carroceria de fibra de carbono, conferindo extrema rigidez estrutural. Na banheira do motor, um revestimento semelhante ao utilizado nos vaivens espaciais e que utiliza uma matriz metálica preenchida com cerâmica,
que tem como objectivo isolar a cabine do enorme calor produzido pelo motor e aumentar a rigidez do conjunto. A esta altura o leitor que ainda não conhecia este super carro, deve estar pensando onde pode encontrar um carro destes, ao menos para dar uma olhadela. A Ford tinha nos planos, na época da apresentação, produzir uma série limitada a cem unidades, no entanto por razões não oficialmente divulgadas, produziu apenas duas unidades. Uma destas jóias encontra-se na Divisão de Veículos Especias da Ford e a segunda - cuja existência não seja confirmada pela Ford - tem sua localização apenas especulada. Resta apenas esperar que o GT90 entre algum dia novamente nos planos da Ford.
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