Jaguar C-XF



É sempre assim com os felinos. Prendem-nos o olhar quando passam, pela beleza mas também pelo respeito. A marca com este nome captou os traços do animal que lhe inspirou o emblema e acabou por marcar a história. Mas no século da globalização o romantismo já não é garantia de futuro. Agora integrada no grupo de marcas de prestígio da Ford, a Jaguar luta pela sobrevivência. As vendas escorregam perigosamente desde o ano 2000. O S-Type precisa de substituto já no próximo Outono e aí está o protótipo que avança com aquela que pode ser a nova cara da marca para os próximos vinte anos. Chama-se C-XF e constitui um óbvio corte filosófico com o conceito mais aristocrático do modelo que se despede. O C-XF é uma berlina de três volumes e quatro portas orientada para a performance, com linhas muito mais desportivas. O habitáculo é pouco mais que uma saliência esguia num perfil musculado e atirado para a frente, à Jaguar. Os puxadores das portas estão escondidos nos pilares e as enormes rodas dominam a dinâmica do carro. Atrás também há faróis esguios e linhas muito atléticas, com flancos entroncados e um escape duplo conjugado com um extractor de ar. Tudo somado e o carro mais parece um coupé, que concorre com as berlinas alemãs nas dimensões mas pretende lembrar que os jaguares ainda andam aí?
Frente de ataqueO homem que desenhou o novo Jaguar C-XF, Ian Callum, de cujo lápis também saiu o XK, diz que “um jaguar precisa de uma frente distinta. Uma cara. Deve ser um carro clássico que aparece no retrovisor”. Neste Concept o orgulho da marca está bem assumido ao centro da enorme grelha negra, onde uma cabeça felina mostra os dentes cromados. A própria grelha está propositadamente recuada em relação à superfície exterior da frente, para se assemelhar à entrada de ar de um reactor de avião. Mas os faróis assumem as linhas da modernidade. Já não são redondos. São agora esguios, para disfarçar a longa e maçuda frente do C-XF, a que as normas de protecção de peões obrigam. Mas lá dentro têm dupla óptica, com um efeito estético tipo olho de felino prestes a atacar.As dimensões da grelha chamam a atenção para o motor V8 4.2 sobrealimentado que está lá dentro (o motor do XKR), mas a gama “civil” incluirá também blocos mais acessíveis, como o V6 diesel de duplo turbo e 2.7 litros, desenvolvido a meias entre o grupo Ford e o grupo PSA (Peugeot-Citroën) que o próprio S-Type estreou em 2005. Mas a oferta diesel mais imponente será o V8 actualmente utilizado pelo Range Rover, com as devidas alterações exigidas pelo carácter mais desportivo e requintado da berlina da Jaguar. A marca precisa de produzir, pelo menos, 40 mil destes novos felinos por ano. Até lá, ainda tem que fazer o carro, já que o protótipo mostrado no salão de Detroit ainda repousa sobre um chassis de S-Type. Mas na verdade muita da base técnica do XF será essa mesmo. Será que vem daí mal à nova onça? O futuro o dirá.

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